No ritmo das negociações

“Videogames são mainstream e estão diretamente relacionados a um tempo de qualidade", diz Bruna Soares, diretora de negócios da Ubisoft

Thais Monteiro

Dona dos títulos Just Dance, Rainbow Six, Assassin’s Creed e tantos outros, a desenvolvedora francesa Ubisoft encontrou no Brasil um terreno fértil em público e para parcerias com marcas. Atualmente, a empresa conta com mais de 15 parceiros de licenciamento, incluindo a Globo, Editora Planeta, Tilibra, Credicard, Iron Studios e Skive Jewelry. Para o jogo Just Dance, a empresa produziu reality-shows e campeonatos patrocinados. Marcas como KFC, Acer, Logitech e outras, também foram patrocinadoras de campeonatos do Rainbow Six. Porém, além do patrocínio e licenciamento, os anunciantes também podem ter inserções de marcas nos jogos o que, para Bruna Soares, diretora de negócios da Ubisoft para América Latina, representa um novo patamar de interação com o cliente. “Videogames são mainstream e estão diretamente relacionados a um tempo de qualidade, em ser um entretenimento interativo. O grande desafio hoje é fazer esse tipo de interação sem ser invasivo ou atrapalhar a experiência do jogador e esse é nosso trabalho como publisher”, diz a executiva.

Bruna Soares, diretora de negócios da Ubisoft para a América Latina (crédito: divulgação)

Meio & Mensagem — Diversas marcas e agências desenvolveram áreas específicas para lidar com games. Qual é sua opinião sobre esse movimento?
Bruna Soares — Vejo esse movimento de uma forma extremamente positiva. Ver cada vez mais marcas fazendo ações dentro dos jogos mostra que elas já entendem a relevância do mercado de games e dos jogadores. Isso faz o setor crescer ainda mais e os jogadores já entendem bem que videogames fazem parte dessa evolução do mercado de mídia.

M&M — Como a Ubisoft, que é uma desenvolvedora, trabalha para melhor atender essas propostas comerciais?
Bruna — Hoje, existe uma área de novos negócios que trabalha para desenvolver parcerias com grandes marcas, seja por meio de licenciamento, eSports, eventos, projetos especiais e integração in-game. Trabalhamos juntos com marcas e agências para oferecer uma solução que atenda não somente as necessidades da marca, mas também do jogador. Jamais podemos esquecer que eles devem estar no centro da ação.

M&M — De que forma o game se diferencia, enquanto mídia, das demais plataformas nas quais as marcas podem anunciar?
Bruna — Existem duas formas de vermos isso. Quando falamos de integração in-game, trata-se de uma interação direta coma marca, e nosso objetivo é trabalhar isso de uma forma que acrescente algo à experiência do jogador. Hoje, o que temos de mais precioso é o tempo, por isso, todas as experiências precisam ser divertidas e, simultaneamente, enriquecedoras. Somente assim os jogadores terão um envolvimento verdadeiro. Além disso, não se pode olhar para ações dentro dos jogos apenas com KPIs de mídia digital; é fundamental ir além e pensar também no impacto de marca, no engajamento da comunidade e no qualitativo da ação.

M&M — De uns tempos para cá, as marcas começaram, de fato, a entender esse universo e participar dele. Em que estágio estamos da integração marcas e games?
Bruna — Nos últimos anos tivemos um salto muito grande, sem dúvidas, mas ainda há caminho para mais. Estamos ainda em um momento de descoberta, portanto, nos próximos anos vamos ver um crescimento expressivo de marcas dentro do universo de games, das mais diferentes formas, e isso muitas vezes não apenas por uma perspectiva local da marca, mas também global.

M&M — Onde ainda há espaço para evolução da relação dos desenvolvedores com agências e anunciantes?
Bruna — Há muito espaço ainda a ser desenvolvido. Destaco aqui as integrações mais simples, como jogos em html 5, que não exigem um hardware potente e que, neste caso, pode estar até disponível em um website do parceiro e, assim, atingir um número muito maior de pessoas, além de novos formatos de publicidade nos eSports, com conteúdo local especialmente feito pela marca.

M&M — O que você espera do futuro da publicidade em games?
Bruna — Conforme as marcas e as agências entendem que o futuro da mídia está no universo de games, cria-se a possibilidade de um planejamento das ações. Hoje, ainda temos muitas ações sendo feitas no senso de “oportunidade”, mas, em um mundo ideal, quanto mais a marca antecipa seu planejamento sobre o mercado de games, mais benefícios terá no futuro, com um projeto mais estruturado por parte do publisher. O tempo faz muita diferença na qualidade da ação.

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